Todas as famílias têm um ponto de encontro, um epicentro, um coração. Desde sempre, todos tornamos à volta da mesa da minha avó para a Moamba de ano novo, no dia 1 de janeiro. Todos tornamos ao ninho e nos sentamos para celebrar os anos de alguém. Desde sempre, o cheiro a refogado, o óleo de palma são sinónimos de convívio entre todos, os tios, os primos e os avós.

O enfardar com medo de não ter espaço para a sobremesa, o discutir para ver quem recebe a primeira e maior fatia do bolo, a indispensável sensação de “não consigo comer mais… estou tão cheio” e o sorriso de missão cumprida da minha avó que mais uma vez se alegra por ter todos nós perto do colo dela.

O processo de criação destas imagens parte também da cozinha da minha avó. Os quimigramas tiveram recurso ao processo de revelação analógica que, em conjunto com vários outros ingredientes das comidas da minha avó (como azeite, sal e jindungo) resultaram em várias cores e efeitos impressos no papel fotográfico.

Projeto exposto no Centro Cultural de Vila Flor, Guimarães, em março de 2023, como parte da exposição "A Prática do Infinito pela Leitura" com curadoria de Catarina Domingues, Ricardo Ribeiro e Sr. Teste edições. https://www.ccvf.pt/detail-eventos/20230325-a-pratica-do-infinito-pela-leitura/ 

Série constituinte do projeto IDENTIDADE ( 2021 - )

15 provas em papel fotográfico brilhante ILFORD | 17,8 x 24 cm | Edições de 1 PA